
8-9-10... 14 da tarde... Gente à pinha num corredor estreito, respirando um ar já viciado que denuncia doença e mal estar. Um pequeno inferno de caos e horror onde certamente não gostariamos de estar. Para o comum dos mortais, é esta a visão de um serviço de urgências. Para quem lá trabalha não é muito diferente...
Rezamos para que ninguém se magoe e que decidam ir ao centro de saúde antes de passarem pelas urgências. Mas nem o nome de santo com que batizaram o hospital ajuda à prece...
E, assim, passamos o dia a ver e ouvir pessoas que ficam irritadas por não serem atendidas no tempo que consideram útil, que lançam olhares fulminantes e súplicas maldispostas para quem vêem mais frequentemente e consideram mais frágil, e idolatram a figura tantas vezes autoritária que os faz (frequentemente) esperar tanto tempo.
Até nos serviços de saúde há uma certa "paternalidade" dos cuidados: estamos chateados com o pai mas resmungamos sempre com a mãe, que não tem culpa nenhuma do cenário dantesco da coisa. Mas o herói é sempre o pai...
E que tal se nos começarem a dar uma "folga" nesta carga de intensidade emocional? Porque é quem está mais perto das pessoas doentes é que come sempre por tabela?

Enfim... talvez estivesse na hora dos serviços de saúde passarem por uma abordagem mais "Feng Shui", com vista a diminuir as tensões acumuladas dos seus clientes e profissionais.
Eu cá voto por sessões de massagens (ou qualquer terapia alternativa) gratuitas para profissionais e estudantes de enfermagem...
Mas enquanto isso não chega, resta engolir em seco e sorrir, respondendo educada e polidamente. Afinal, o cliente tem sempre razão... E, por isso: "Aguarde mais um pouco, o resultado dos exames deve estar a chegar"...